CLICANDO...

Author: Alberto Pires /

Clicando nós uniremos a realidade com os sonhos
Clicando nós abriremos as portas do conhecimento através de palavras cheias de humanismo
Clicando nós decifraremos os códigos secretos da palavra amizade
Clicando nós identificaremos com sensatez
tudo que precisa ser mudado
Clicando nós não teremos uma concorrência desleal,
teremos sim a consciência plena,
em saber que é a hora de reformular.
Clicando nós uniremos forças para reciclar todo histórico acadêmico; e com isso faremos das experiências vitoriosas uma ferramenta capaz de revolucionar o modo de pensar, de todos que vivem da arte de ensinar...
Clicando somaremos três palavras: Inteligência, Sabedoria e Educação.
Climério é a junção coerente de todos que almejam uma nova universidade, e com isso abriremos as portas do conhecimento unificando cada vez mais as metas a serem conquistadas...


Amor por 171

Author: Alberto Pires /


Era inverno e as nuvens estavam iguais a mim. Tristes, escuras, ameaçadoras... Sou filha única, meu pai deixou a minha mãe e partiu sem dizer adeus, com isso fui criada em cima de rígidos valores, até porque minha mãe é evangélica, achou que na religião poderia encontrar a paz que tanto necessitava, acho até que ela tem razão em pensar assim, pois se não fosse a sua fé ela não teria tanta força para conseguir juntar os meus cacos... Quando fiz dezoito anos ganhei de presente o pior dos presentes: uma paixão! Sabe aquela paixão desenfreada, enlouquecida, que não vê obstáculo capaz de nos fazer desistir? Ele era mais velho que eu, deveria ter uns vinte e cinco anos, na primeira vez que eu o vi tive a certeza que aquele cara seria o meu fim, mas mesmo assim fui em frente, ignorando todos os avisos: Perigo! Atenção! Área de risco... Mas o sorriso, o olhar, a virilidade, o jeito compenetrado e destemido, o cheiro amadeirado, o pegar no seu órgão, tudo nele era muito provocante e sedutor, e para completar ele era do mundo das drogas, com seus olhos negros lindos que tinha uma neblina cheia de aventuras a convidar... Era um cara totalmente elegante ao seu modo, quando estava comigo não sentia falta de nada, preenchia todos os requisitos, mas seu olhar era traiçoeiro, parecia que tinha um radar, principalmente quando uma fêmea se aproximava , fugia do controle, ele queria tudo e todas; ele era insaciável. Tudo começou assim: Um belo amanhecer fui para a aula de educação física, quando sai da minha casa e virei à esquina da minha rua, ele estava na espreita como se fosse um felino esperando a sua caça... Deu-me de presente matutino o seu lindo sorriso, não qualquer sorriso, mais o sorriso dele... Passou a língua entre os lábios e disse: quer uma carona mulher? Eu baixei a cabeça e disse: não obrigado, estou indo a aula; ele percebendo o meu nervosismo, saiu do carro, pegou a minha mão e logo foi falando: não se preocupe só vou fazer o que você desejar, e sorriu com um cinismo próprio dos adoráveis cafajestes, então hipnotizada cai na cilada e entrei no carro, minhas pernas tremiam, sua masculinidade era evidente, estava com a camisa aberta e pude ver cada pêlo dos peitos ao umbigo, ele me fitava pelos cantos dos olhos sabendo como ninguém o quanto estava difícil aquele momento; passava à marcha e sua mão roçava em minha coxa, era um jogo de pura sedução e minhas forças já estavam indo embora, meu coração batia descompassadamente, ele então me perguntou, quer mesmo ir para a aula? Tenho que ir respondi, ele então parou o carro e me puxou para seu corpo e me roubou um beijo, nunca vi tamanha habilidade com a boca, fui revisada, paralisada, senti um frio na barriga, ele não satisfeito colocou uma musica de Rita Lee e cantava olhando fixamente para meus olhos e repetia: você me dá água na boca... Foi golpe sujo por que o pouco de juízo que ainda restava foi por água abaixo, ele passou a mão em cada parte secreta do meu corpo, e quanto mais ele fazia isso mais temor eu sentia, e não queria que o tempo parasse. No intervalo de um beijo ele perguntou posso abrir a sua blusa? E a vergonha em dizer para ele o meu segredo?... Por sorte, minha prima me viu dentro do carro e bateu na janela dizendo: saia dai porque Tia Genoveva tá vindo ai... Sai em disparada, e ele perguntou: quando iremos nos ver? Eu respondi qualquer dia... Na saída do carro as pressas, ele colocou o numero do seu telefone em minha mão, por sorte a prima Zefinha não viu e foi logo me dizendo você está doida? Entrando no carro de Zangão, tudo sabe quem é ele? Não quis saber do relatório dessa minha prima mal amada, fui entorpecida para a escola, não fiz nenhum exercício físico porem estava toda quebrada da tensão muscular... Passou uma semana e não o vi, mas os seus beijos ficaram encravados em mim, seu cheiro impregnou-me, minha cabeça não parava de pensar, ligo ou não ligo? Mais o pior já tinha acontecido, deixei esse cara entrar em minha vida. Os dias que se passaram foram terríveis, pois não liguei e nem ele me procurou, fui então no sábado a tarde procurar uma amiga na sorveteria, quando entrei dei de cara com ele e uma menina, não pude disfarçar a minha surpresa, fugi daquele local como se fosse uma criminosa, fugindo da viatura... A imagem dele com a garota não saia da minha mente, então resolvi ligar, esse foi o meu grande erro... Ao dizer alô é o Zangão? Ele ironicamente respondeu sim sou eu mulher, então respondi: quero conversar como você é possível? Ele sorriu e respondeu: é claro, você que manda, é só dizer dia, hora e local... Zangão como o próprio apelido diz “espécie de abelha, que não fabrica mel, e come o que as outras fabricam”, assim é ele uma abelha cheia de mel e ferrões... E hoje o que mais me lembro dele, são os ferrões... O dia do encontro foi uma segunda feira à tarde, ele ia me pegar saindo da escola, me esperou em uma transversal perto da Ótica Simões, quando cheguei ao local ele já estava com uma bermuda jeans e uma camiseta branca, realçando ainda mais a sua cor, tinha acabado de tomar banho, usava sempre à barba por fazer deixando a sua virilidade muita mais aflorada, entrei e logo ironicamente me perguntou vamos para que local, e eu decidida respondi: para onde você quiser... Ele apenas me olhou pelo canto dos olhos e me disse que seja feita a nossa vontade e partiu em velocidade... Chegamos a um sitio próximo a nossa cidade, estava tudo desarrumado, mas a beleza do momento me fez pensar que estávamos em um castelo, no canto tinha vários instrumentos rurais, e no meio da sala estava um colchão velho, então percebi que era ali que ele recebia suas “amigas”... No final do corredor tinha uma peça com garrafas de bebidas, ele me perguntou quer água? Ou refrigerante? Eu respondi: nada, quero apenas conversar com você, então ele me disse então venha para cá fique bem perto de mim quero olhar para você, me aproximei e o calor do seu corpo incendiava o meu, não houve tempo para nenhuma palavra, ele me pegou pelos braços e me carregou até o colchão, e sua barba passava em meus ombros e eu toda arrepiada dizia: não faça isso; vai me machucar, ele olhava fixamente e me cobria de beijos, aqueles beijos que só ele sabe dar, fiquei ansiosa, trêmula e desconcertada, mais tinha que dizer a ele... Zangão espere um pouco, ele já estava enfiando as mãos por debaixo da minha blusa quando parou; fale: nunca fui para a cama com ninguém... Ele sorriu com os olhos e respondeu; sempre tem a primeira vez... Me abraçou e falou baixinho no meu ouvido posso te garanti você nunca mais vai esquecer... Tirou cuidadosamente a minha blusa, com os dentes tirou a minha roupa intima , dizendo baixinho vou te fazer mulher, pois é isso que você quer, passou a língua no meu corpo e umedeceu todo o percurso feito, quando tirou a calcinha do caminho, parou e olhou carinhosamente e falou: venha despir-me também... Nunca tinha visto um homem nu pessoalmente, mais que grata surpresa, ele deve ter um metro e oitenta de altura, pele morena com um bronzeado natural, cabelos negros, boca vermelha, um corpo musculoso sem ser malhado, totalmente hábil com as mãos, ele me deu de presente esse lindo e eterno momento; entreguei-me e como foi bom e intenso esse acaso do destino.. Com sua sedução me fez acreditar loucamente em suas juras de amor... Fui para casa como se fosse um pássaro livre, desses que embelezam jardins imaginários, como foi lindo aquele instante... Ao acordar no outro dia tive uma grande surpresa: Zangão tinha sido preso, por tráfico de drogas e para minha surpresa ele usou meu nome como álibi, dizendo que estava comigo naquele momento e eu tinha que ir depor na delegacia por conta disso... Minha mãe já estava sabendo de tudo e perguntava isso é verdade? Eu estava no meio de um pesadelo que não sabia como acordar. No intimo queria ajudar o meu amor, mas ao mesmo tempo sabia que com essa atitude eu mataria a minha mãe de tanto desgosto; não pude evitar as duas coisas, confirmei ao delegado a versão de Zangão, e decretei o meu fim e o da minha mãe, pois a nossa relação jamais voltou à mesma, na escola todas as amigas afastaram-se fiquei só com o meu sentimento, Zangão por não ser réu primário ficou detido e ai começou o meu fim, cada visita que eu fazia, voltava arrasada, pois ele começou a pedir-me coisas, das quais eu não tinha acesso, mais por meu amor eu comecei a envolver-me nesse caminho sem volta, um certo dia ele falou que queria uma prova de amor minha, e então respondi você não acredita no meu amor? Ele olhou-me com ameaça e pediu que levasse drogas para ele, e eu perguntei como vou entrar aqui com isso? E naturalmente me disse: coloque na calcinha se possível dentro da vagina, e o pior que segui as instruções como ele me pediu, fui com a droga dentro de mim, e na sala da revista ele tinha um soldado que era corrupto e deixava passar sem ser revistada, e ai fui ao encontro dele na sela, usava uma saia rodada e cheguei próximo à grade e recebi um puxão e fiquei rente a ele, me fez virar as costas e aos poucos foi levantando a minha saia e enfiou as mãos dentro de mim como se fosse um ginecologista... Com a minha inocência achava que eu era a única a fazer isso, porém um certo dia, um policial me chamou e disse; menina saia dessa; a pior coisa que pode acontecer na vida de uma pessoa é ter um amor bandido, acorda, isso não vai te levar a nada...Eu já havia percebido o carinho e a gentileza desse Sargento Cintra, desde a primeira visita; cheguei muito nervosa e ele sempre muito atencioso tentou acalmar-me. Então perguntei o senhor esta falando isso porque? Porque ele tem várias namoradas e toda vez que você vem aqui às outras não vem, ele manda avisar para que todas não se encontrem na mesma hora, venha sexta feira e você verá com os próprios olhos... Passei toda semana angustiada até chegar o dia marcado, fui mais cedo e o Sargento Cintra me colocou em uma sala isolada, até a outra visita chegar, quando a visita começou ele veio me avisar que podia entrar, e eu com as pernas bambas fui confirmar que tudo não passou de um engano, era apenas mais uma na vida daquele 171, sair correndo até a sala em que o Sargento me escondeu, e lá pude colocar para fora todo meu rancor, meu ódio, meu remorso por acreditar naquele homem e não ter dado ouvido a minha mãe, e vinha em minha mente e agora? Como vai ser daqui para frente? Foi então que o Cintra falou: você tem uma pessoa que merece a sua atenção, olhe em sua frente e verás que nem tudo está perdido, pode contar comigo, foi então que percebi que a vida estava me dando à oportunidade de recomeçar novamente...

Rimas do Sertão

Author: Alberto Pires /

Sertão não rima com seca

Sertão rima com irrigação

Irrigação não rima com obstáculos

Irrigação rima com população

População não rima com promessas

População rima com alimentação

Alimentação não rima com fome

Alimentação rima com doação

Doação não rima com trocas de favores

Doação rima com união

União não rima com descaso

União rima com realização

Realização não rima com pessimistas

Realização rima com celebração

Celebração não rima com desigualdades

Celebração rima com Gonzagão

Gonzagão não rima com políticos desonestos

Gonzagão rima com amor ao sertão

Sertão não rima com preconceitos do sul

Sertão rima com São João.




Liberdade

Author: Alberto Pires /

Nunca neguei nada ninguém
Mas também nunca disse tudo
Pois esse tudo me pertence
Tenho exclusividade de mim mesmo
Cada lagrima, cada sorriso
Cada desencanto, cada gozo
Cada pedra retirada do caminho
Cada decepção
Cada volta por cima...
Isso é a minha historia
Minha realidade
Meu mundo.
Jamais pego nada dos outros
Mas já roubei muito beijos
Uns foram retribuídos, outros foram ignorados
Mas sou assim, não fujo.
Não tenho medo dos desafios
Pois são eles que me fazem ir à luta
Para que lá na frente eu possa receber o que me é de direito.
Dos invejosos quero apenas uma coisa: distância!
A vida é tão rápida que não podemos desperdiça-la com coisas pequenas
Para todos que me admiram dou de presente a minha gratidão.
Não ando na corda bamba da vida, tenho os pés fixados, enraizados...
Não temo o amanhã, pois soube plantar e com isso colho os frutos germinados...

As dores humanas

Author: Alberto Pires /

As cigarras anunciavam que as chuvas não demoravam a chegar; e só em pensar nisso, nossos corações irradiavam de felicidades e prazer. Reuníamos para bolar todas as traquinagens que iriamos fazer; tudo era pura alegria!
Quando os primeiros pingos caiam, os pássaros davam aqueles voos rasantes parecendo que iam tocar em nossas cabeças, os cães latiam incansavelmente, despertando em nós uma sensação de bem estar que só nós quatro entendíamos...
Nas ladeiras da rua de cima, as águas formavam com enxurradas umas cachoeiras; e deitávamos todos enfileirados, um atrás do outro recebendo todos os lixos que vinham com a força das águas; e aquilo parecia tão natural que nem percebíamos o tempo...Com isso cada vez mais nos uníamos e nem vimos o relógio da vida passar...!
Hoje me lembro de cada detalhe daquela poética época e com os olhos marejados posso contar como tudo terminou...
Coema era um descendente de índios com seus cabelos negros e fartos; com sua pele morena jambo, despertava muitas curiosidades; era desconfiado com as pessoas, mas ao mesmo tempo tinha uma ingenuidade que cativava a todos nós. Certo dia ele veio até a cidade comprar mantimentos para seu avô; ao passar por determinada pessoa ele perguntou: - onde fica a estrada da Cacimba? O “cabra” respondeu: - quem conversa com ladrão de terra é bala de revolve, não eu! Coema só olhou nos olhos frios desse senhor e respondeu: - meu povo nada roubou! Fomos humilhados, massacrados e expulsos de nossas terras; esse foi o agradecimento que vocês nos deram! E com um sorriso de desdém o maldito falou: - Vou calar a boca de índio safado, que não sabe ficar calado! E com isso puxou seu facão e degolou Coema, deixando a dor estendida no chão...
Josefina era uma negra linda de ancas fartas. Tinha peitos roliços, boca convidativa e andar sensual! A moça despertava desejos por onde passava, e foi ai que tudo começou...
Um belo dia chegando à casa do Sr. Coimbra para fazer sua faxina, encontrou Dona Anatildes toda ensanguentada; e ela aos pratos dizia: - ele vai me matar! Chegou possuído em casa ontem à noite querendo a todo custo me ter e eu disse que não podia, que estava nos dias de regra, mas ele espumava como um cão com raiva, querendo a todo custo me possuir. Foi então que ele me empurrou; bati com a cabeça e desmaiei. Quando acordei estava toda mordida e babada...
- E agora Josefina o que devo fazer? Dona Ana a senhora tem que frear esses maus tratos! Chega de humilhação! Denuncie na delegacia; e se não consegui, esquente uma panela de óleo e jogue na cara dele, para ele sentir toda a dor que a senhora passa. Somente assim ele jamais vai fazer isso outra vez!
Ao falar essa ultima palavra Josefina percebeu que o louco acabava de entrar na sala, e foi logo dizendo: - vá para a cozinha sua “nêga” maldita! Aqui não é lugar para você! Saia logo daqui, antes que eu faça coisa pior!
Josefina saiu correndo para a cozinha e de lá ouviu Dona Anatildes dizer: - eu podia contar a ela o que você me disse ontem à noite; que é apaixonado por ela, mas que jamais teria algo com uma negra; e por não se perdoar em sentir esse amor, me tortura para punir você mesmo!
Josefina ficou de boca aberta com essa descoberta e ficou entorpecida quando sentiu as pisadas fortes vindas do corredor em direção à cozinha. Ela jogou mais lenha no fogão, colocou uma panela de óleo para esquentar e ficou a espera daquele animal. Antes ele passou no banheiro foi até seu quarto e apanhou algo que havia no guarda roupa; e ela só ouvindo os sons dos moveis se quebrando...
Foi então que ela chamou Dona Ana: - Onde está a senhora? Não ouviu a resposta logo percebeu que algo tinha acontecido. Quando olhou para o fogão, viu que já estava fervendo o óleo; e ai ele entrou na cozinha dizendo: - agora é sua vez negrinha! Você me enfeitiçou e só a um jeito de me livrar desse amor; que é te possuir como sempre quis fazer; saciar meus desejos; pois vocês vieram ao mundo pra nos servir  negros malditos...
Josefina com uma rapidez de uma felina encostou-se ao fogão e esperou a aproximação enfurecida daquele homem; o homem cujo orgulho ferido por ter se apaixonado por uma negra que tanto o desprezava...
Foi então que ela ouviu o gemido vindo da sala; era Dona Ana implorando para que ele não fizesse nada com ela. Antes que o louco retornasse para acabar de vez com aquela alma tão bondosa, Josefina segurou a alça da panela com força; e ficou a espera...
Ele veio como um animal no cio em direção ao corpo quente dela, mais a quentura que ele teve foi à panela de óleo quente em sua face. Em quilômetros de distancia ouviam-se os gritos de dor, mais antes que os seus olhos deixassem de enxergar ele sacou a arma e atirou no peito da negra que tanto amou, dando assim o final para aquele louco momento...
Gertrudes era uma pessoa muito especial; generosa e cuidadosa. Quem tinha sua amizade, era para sempre; não tinha nada nas mãos e trabalhava como uma louca, mais sempre conseguia juntar seu dinheiro para suas necessidades. Com o seu sucesso financeiro despertou a ganância do seu homem. Ela o sustentava e ele, um boêmio cheio de amantes que cada vez mais aprontava.
Ele traia e ela o perdoava; e assim foi passando o tempo e com isso foi idealizando uma relação que não existia, pois o amor dedicado e fiel só vinha da parte de Gertrudes. O seu homem só queria a grana da nossa amiga. Com uma dedicação canina Gertrudes que tinha o nome verdadeiro de Astolfo, que era um cara do bem, amigo, companheiro, parceiro de todos.
Uma noite ele forçou uma briga dizendo que estava com ciúmes do padeiro e exigiu uma prova de amor; essa prova seria uma grana para comprar um carro, com medo de perdê-lo, lhe disse Gertrudes que daria a tal grana; e como recompensa ele chegou uma noite romântica, cheio de amor para dar; e fez todas as suas vontades.
O sujeito havia mudado; naquela noite entorpecida de lascívia ele mudou seus gestos antigos e refez todas as posições que Gertrudes adora; até beijou-a na boca, coisa que ele nunca fazia...
Amou-a noite inteira; e depois dela saciada e com o coração cheio de esperança; achando que tinha encontrado o seu verdadeiro amor, deu a grana como presente. O canalha saiu se despedindo com um beijo apaixonado lhe dizendo que esse nosso amor é para sempre...
Dois dias depois, Gertrudes soube que ele fugiu com uma garota que estava gravida e nem se quer telefonou ou disse a alguém para avisá-la. O desencanto foi tão grande que nossa amiga entrou em depressão e de tanta vergonha de si mesma achou o descanso para a sua dor na morte, aliviando assim a sua trajetória aqui na terra...
Dos quatro adolescentes o único que não teve um final trágico fui eu, mas mesmo assim, como é doloroso contar essa tragédia humana...
Fico sempre a perguntar: - que cor tem a alma humana? Será preciso tanta dor, tanto desprezo, tanto sofrimento? Tudo em nome dos que não se conhecem, não se aceitam e não se respeitam; e por isso são encharcados de preconceitos; não reconhecendo que todas as diferenças são iguais. E juntos sem nenhum tipo de descriminação, deveríamos ser muito mais felizes, em paz com nós mesmos e irmanados na união do amor coletivo!
A alma humana não tem cor, tem sim brilho, muita luz, essa luz que sei está contida em todos os lugares desse nosso planeta.


Apenas você...

Author: Alberto Pires /

Do nada tudo aconteceu
Depois de tudo nada permaneceu
O que permanece é a verdade
Mas a verdade está onde mesmo?
No que queremos para nós?
Ou no que estão dispostos a dar?
Entre idas e vindas
Becos e esquinas
O inesperado nos espera
Desprotegidos
Vulneráveis
Abertos sem escudos
Livres, soltos...
Salientes
Inconsequentes
Temendo o que estar por vir
O depois, o amanhã
O importe é o agora
E agora quero apenas você...
Com tudo, sem me dar nada
Apenas você...